O Irã
admitiu que o avião ucraniano que caiu em seu território na última quarta-feira
(8) foi derrubado por erro humano, afirma a TV estatal iraniana neste sábado
(11). O comunicado lido na emissora declara que os responsáveis serão punidos.
"A
República Islâmica do Irã lamenta profundamente esse erro desastroso",
escreveu o presidente iraniano Hassan Rouhani no Twitter, prometendo que os
responsáveis pelo incidente seriam processados. "Meus pensamentos e
orações vão para todas as famílias de luto."
Javad
Zarif, responsável pelas relações exteriores, lamentou o erro em uma rede
social, mas culpou os Estados Unidos pelo estado de tensão. "O erro
humano, em um momento de crise causada pelo aventureirismo americano, levou a
um desastre", afirmou o ministro.
Uma
declaração militar iraniana, a primeira a indicar a mudança de posição do Irã,
disse que o avião havia voado perto de um local militar sensível pertencente à
Guarda Revolucionária de elite.
O líder
supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, a principal autoridade da República
Islâmica, foi informado sobre o abate acidental na sexta (10) e disse que as
informações deveriam ser anunciadas publicamente após uma reunião do principal
órgão de segurança do Irã, divulgou a agência de notícias estatal.
No dia
seguinte, o comandante da seção aeroespacial Guarda Revolucionária iraniana,
general Amirali Hajizadeh, assumiu a culpa pelo erro em uma declaração à TV
estatal do Irã. "Preferiria estar morto a testemunhar um acidente
semelhante", afirmou.
O comandante
disse que o avião foi confundido com um míssil de cruzeiro, armamento guiado
remotamente utilizado para liberar ogivas a longas distâncias, e abatido por um
míssil de curto alcance. Ele também afirmou que o soldado efetuou o disparo sem
ordem por causa de uma interferência nas telecomunicações.
A Ucrânia
espera uma investigação completa, uma admissão total de culpa e compensação do
Irã após a queda de um avião de passageiros ucraniano, disse o presidente
%u200BVolodymyr Zelenskiy em comunicado.
No acidente,
o Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines caiu cinco minutos após
decolar do aeroporto Imam Khomeini, em Teerã. A aeronave, que decolou às 6h12
na hora local (23h42 de terça em Brasília) e seguia para Kiev, pegou fogo
minutos após a decolagem. Todas as 176 pessoas a bordo morreram.
Os
governos do Canadá e do Reino Unido, assim como funcionários da inteligência
dos EUA, já haviam dito ter informações que indicam que o voo foi derrubado por
um míssil iraniano de forma acidental. Essa possibilidade vinha sendo negada
pelo governo iraniano.
O New York
Times também divulgou um vídeo que aparentemente mostra um míssil atingindo a
aeronave sobre Parand, região próxima ao aeroporto de Teerã onde o avião
transmitiu sinais pela última vez. O jornal afirma ter verificado o material.
Na sexta,
o Irã afirmou que pretendia fazer a extração dos registros das caixas-pretas no
país, a não ser que encontrasse dificuldades técnicas.
"Nós
preferimos retirar os dados das caixas-pretas no Irã. Mas se virmos que não
vamos conseguir porque as caixas estão danificadas, então vamos pedir
ajuda", disse Ali Abedzadeh, chefe da autoridade de aviação civil do Irã.
A ajuda na
investigação poderia ser solicitada para a Rússia, o Canadá, a França ou a
Ucrânia, segundo ele. O governo do Irã afirmou que os países que perderam
cidadãos no acidente poderão enviar representantes para participar das
investigações, assim como representantes da Boeing.
Entre as
vítimas, havia 82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos. Boa parte dos
passageiros faria uma conexão para um voo com destino ao Canadá.
Após a
queda, diversas companhias aéreas cancelaram seus voos para Teerã ou passaram a
desviar suas rotas para não sobrevoar Irã e Iraque. Entre elas, estão
Lufthansa, Malaysia Airlines, KLM Air France, e Qantas.
PERGUNTAS
E RESPOSTAS
O que
ocorreu?
Um Boeing
737-800 da Ukraine International Airlines caiu cinco minutos após decolar do
aeroporto internacional Imam Khomeini, em Teerã, na manhã de quarta (8). Todas
as 176 pessoas a bordo morreram.
Por que o
avião caiu?
Segundo
declaração do chefe da seção aeroespecial da Guarda Revolucionária do Irã,
Amirali Hajizadeh, o avião foi abatido por um míssil de curto alcance. Antes, o
Irã havia negado as acusações e dito que a informação era parte de uma
"guerra psicológica" contra o país.
Foi
proposital?
Não. De
acordo com Hajizadeh, o avião foi confundido com um míssil de cruzeiro,
armamento utilizado para liberar ogivas em longas distâncias, e, por isso, foi
erroneamente abatido. A informação havia sido considerada antes por agentes dos
Estados Unidos, Canadá e Reino Unido.
Quais as
evidências já apresentadas?
Um vídeo
divulgado na noite desta quinta (9) pelo New York Times mostra, aparentemente,
um míssil atingindo a aeronave sobre Parand, região próxima ao aeroporto de
Teerã onde o avião transmitiu sinais pela última vez. Já Trudeau afirmou ter
informações "de múltiplas fontes, incluídos nossos aliados e nossos
próprios serviços", que indicam que a aeronave foi atingida por um míssil
iraniano.
Qual é o
tipo do míssil?
Em
declaração à TV estatal iraniana, o general Hajizadeh confirmou que foi
utilizado um míssil de curto alcance. Segundo Canadá e Reino Unido, seria um
terra-ar iraniano de origem russa.
Quem vai
investigar a queda?
O comitê
de investigação de acidentes aéreos no Irã. Mas o porta-voz do governo
iraniano, Ali Rabiei, disse em comunicado que os países cujos cidadãos estavam
no avião podem enviar representantes e solicita que a Boeing envie
representantes para se juntarem à investigação da caixa-preta.
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