Proibição vale para espaços públicos e privados em todo o estado, entre a sexta-feira pré-carnavalesca e a Terça-feira Gorda. Anúncio foi feito pelo governo estadual nesta terça (8).
O secretário estadual de Saúde, André Longo, anunciou a proibição de festas e eventos no carnaval — Foto: Reprodução/YouTube |
O governo
de Pernambuco confirmou, nesta terça-feira (8), o cancelamento de festas de
carnaval em todo o estado e proibiu a realização de eventos de qualquer tipo
entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, a sexta pré-carnavalesca e a
Terça-Feira Gorda, respectivamente. A proibição vale para espaços públicos e
privados.
"Nosso objetivo é desestimular situações que possam gerar aumento
da contaminação”, declarou o secretário estadual de Saúde André Longo, que
apresentou números atualizados sobre a Covid-19 em
Pernambuco.
Ele
concedeu uma entrevista coletiva, no Palácio do Campo das Princesas, sede do
governo estadual, no Centro do Recife, um dia após o governo anunciar a suspensão do ponto facultativo para servidores no período que seria de
folia e mudanças nas restrições devido à pandemia.
Questionada pelo g1 após
a coletiva, o governo de Pernambuco explicou que as determinações anunciadas
nesta terça-feira (8) prevalecem diante do decreto anunciado no dia anterior,
já que se refere ao período específico do carnaval.
"Lamentamos, por mais um ano, o cancelamento
da festa de carnaval, que está na alma e no coração dos pernambucanos. Mas o
nosso compromisso precisa ser, neste momento, prioritariamente, com a vida e
com a saúde das pessoas", disse André Longo.
O secretário afirmou que vai solicitar a
participação das prefeituras em fiscalizações para evitar aglomerações.
"Vamos nos reunir com prefeitos dos principais polos para reiterar a
importância das gestões municipais para também ampliarem a fiscalização também
nos espaços públicos e privados”, declarou.
Ainda de acordo com o governo estadual, um
levantamento da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) apontou que
Pernambuco está entre os “estados com menor número de mortes pela Covid-19, quando
comparado proporcionalmente à nossa população”.
“Mas só abrir leitos e adotar medidas restritivas
não será suficiente para diminuirmos a aceleração viral e as contaminações. É
preciso a compreensão, a sensibilidade e a adesão de toda a sociedade”, destacou
Longo.
Mudanças no protocolo
Com a suspensão do ponto facultativo
nas repartições públicas, os servidores vão trabalhar nos dias que
seriam de folga por causa da folia, na Segunda-feira de Carnaval (28) e na
Terça-feira Gorda (1º).
O novo
protocolo prevê a liberação, fora do período carnavalesco, de eventos em
ambientes abertos com até 500 pessoas e festas em ambientes fechados com até
300 participantes. Até então, eram permitidos públicos de até 3 mil e 1 mil
participantes, respectivamente.
As novas restrições valem a partir da quarta-feira (9) até 1º de março,
exceto no período de carnaval, em que os eventos estão proibidos. Nos dias em
que podem ser realizados, devem ser exigidos comprovação de vacinação e
apresentação de teste negativo. Essa norma é válida para locais abertos e
fechados, incluindo circos, cinemas, teatros e jogos de futebol.
Diante dessas novas medidas, a 16ª Promotoria de Justiça de Defesa do
Consumidor da Capital, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), recomendou,
nesta terça-feira (8), às empresas do setor de entretenimento que atuam no
Recife que remarquem, suspendam, cancelem ou reduzam a capacidade de público de
eventos e shows, sem prejudicar os consumidores com as mudanças.
"Caso seja possibilitado aos consumidores terem o valor já pago
creditado em outro ingresso, para evento ou atividade posterior, ainda que não
prevista, que os novos ingressos postos à venda sejam destinados
preferencialmente àqueles adquirentes dos ingressos do evento adiado, cancelado
ou que foi impossível de participar em virtude da redução da capacidade de
público", disse o MPPE, em nota.
Dados da pandemia
Na média das duas últimas semanas, 44% dos casos de
Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) registrados em Pernambuco deram
positivo para Covid-19. Isso
corresponde a um aumento de mais de 500%, na comparação com a primeira semana
de janeiro de 2022. Além disso, houve, em duas semanas, um aumento de 157% na
quantidade de mortes provocadas pela doença.
André Longo afirmou que, na quinta semana epidemiológica do ano,
encerrada no sábado (5), foram registradas 59 mortes por Covid-19. O secretário
ressaltou que esses dados ainda podem ser preliminares.
Também por causa da aceleração da doença, a quantidade de leitos de
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupados no estado é, atualmente, 11%
maior do que há 15 dias. Longo afirmou que os pedidos para esse tipo de leito
ultrapassam 650, por semana. “Temos mais de 900 pacientes internados nas vagas
de UTI", disse.
“Há um aumento nos casos de Srag por Covid, inclusive, interrompendo
uma tendência de queda nos casos de Srag geral. Ao todo, foram 890 registros
nesta semana, um aumento de 6% na comparação com a semana 4 [encerrada no fim
de janeiro de 2022]”, contou.
Vacinação
Na coletiva, Longo disse que o governo fez uma
pesquisa, em janeiro, sobre as mortes e vacinação contra a Covid. "Um
levantamento que fizemos aponta que 79,4% das mortes pela Covid-19 foram em
pacientes que não estavam totalmente imunizados, ou seja, já estavam atrasados
com a terceira dose", disse.
Dos 97 óbitos investigados, 77 foram de pessoas que não estavam com o
esquema vacinal completo. Isso
significa que, a cada cinco mortos pela doença, quatro não tinham tomado todas
as doses necessárias da vacina. Nesse total, 26
pacientes (26,8%) não tinham iniciado a imunização, 11 (11,4%) tomaram apenas
uma dose da vacina e 40 (41,2%) não tinham tomado a dose de reforço.
Além disso, afirmou o gestor, entre os que morreram, mesmo estando
totalmente vacinados, 85% eram idosos e também tinham, comprovadamente, graves
doenças pré-existentes. Os demais casos ainda estão sendo investigados.
Entre os pacientes com exame
positivo internados nos leitos da rede pública, 83% não estavam totalmente
imunizados, conforme
informou André Longo. "Esses dados comprovam que as vacinas evitam casos
graves e óbitos e ratificam a necessidade de estarmos em dia com todas as doses
disponíveis", declarou.
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