quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Após 42 anos, José Manoel Sobrinho deixa a gerência de cultura do Sesc-PE


 
José Manoel Sobrinho, 62, foi desligado do Sesc Pernambuco nesta segunda-feira (Foto: Sesc/Divulgação)
O produtor cultural José Manoel Sobrinho, 62, foi desligado do Sesc Pernambuco nesta segunda-feira (3), após quase 43 anos de colaboração. Na instituição, ele foi professor de teatro, coordenador e gerente de cultura, cargo que ocupava até recentemente. Quem assume a posição agora é José Rudimar Constâncio da Silva, que já foi gerente executivo do Sesc Piedade. De acordo com a instituição, a troca foi referente a uma reformulação interna na empresa. O atual diretor regional do estado é José Oswaldo Ramos, que substituiu Antônio Inocêncio Lima em 2019.

O desligamento de Sobrinho causou certa aflição em parte da classe artística pernambucana, já que o Sistema S tem sido alvo de medidas de austeridade e também de opiniões controversas de líderes do governo federal. Em entrevista ao Diario, José Manoel afirmou que recebeu a notícia com tranquilidade e que não existe um "desmonte da cultura" na instituição em Pernambuco.

"É uma empresa que está passando por uma reformulação interna e solicitou esse espaço para uma reconfiguração. No meu entendimento, é um realinhamento. Tudo ocorreu tranquilamente e de forma respeitosa. Eu confio em Oswaldo Ramos, que é um homem experiente”, disse o produtor. "Essa questão de desmonte não passa pelo regional de Pernambuco. Ao contrário, acredito há uma luta muito grande. No entanto, o Sesc precisa muito do apoio da comunidade e do povo pernambucano, que deve participar das ações e acompanhar a programação."

José Manoel Sobrinho ingressou no Sesc Pernambuco em 1977, aos 19 anos. Ele trabalhou como prestador de serviços até 1979, quando teve sua carteira assinada. "Atuei inicialmente no grupo de Teatro Amador do Sesc do Cais de Santa Rita. Acredito que ajudei a construir uma rede de cultura dentro do Sesc, no processo de construção dos equipamentos culturais e no diálogo com o interior do estado. Acho que essa seja a grande capilaridade que o Sesc tem e que a instituição deve manter."

Embora negue um desmonte no Sesc Pernambuco, o ex-gerente ressalta que o Sistema S deve ser defendido o "tempo inteiro". "Nós sabemos o papel que essas instituições têm cumprido no Brasil por mais de 70 anos. Enquanto cidadão, vou continuar na luta para defender o Sistema. Continuarei frequentando como cliente, como usuário. E torço para que o povo brasileiro o defenda", finaliza.

José Rudimar Constâncio da Silva assume o cargo (Foto: Sesc/Divulgação)
 
Em entrevista, Rudimar Constâncio afirmou que vai dar continuidade ao trabalho do antecessor. "Eu comecei no Sesc Santo Amaro há 28 anos, José Manoel foi meu professor e agora fui convidado para assumir a gerência de cultura, que é um grande desafio", diz o novo gerente, que é especialista em ensino da arte e mestre em em ciências da educação.

"Os projetos do interior e o curso de interpretação teatral vão continuar, também queremos criar um curso de cinema. Faremos alguns festivais da área popular, mas também trabalhando com música e dança urbana", diz Constânci. Ele finaliza afirmando que irá iniciar discussões para que o festival Palco Giratório volte ao regional Pernambuco com realização de 30 dias de duração. Os planos mencionados serão colocados em prática no pós-pandemia.

Criado em 1946 e mantido pelos empresários do comércio, o Serviço Social do Comércio - Sesc, trabalha para ampliar e qualificar o acesso à educação, cultura, lazer e assistência do trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo e seus familiares, bem como da população em geral. Em Pernambuco, a instituição instalou-se no dia 5 de março de 1947, e atualmente conta com 21 unidades fixas, em 15 cidades, e 6 unidades móveis, levando projetos e ações para mais de 112 municípios do estado.

Diário de Pernambuco

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