Militares foram fundamentais na reviravolta, mas o
ministro ainda continua balançando no cargo
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista na última sexta-feira (3) — Foto: Adriano Machado/Reuters |
O
ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, balançou forte nesta
segunda-feira, 6, mas não irá cair, ao menos por ora. O presidente Jair Bolsonaro já tinha se decidido pela
exoneração do principal nome do governo no combate ao coronavírus, mas no final da tarde
foi convencido por militares, como os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil)
e Luiz Eduardo Ramos (Governo), de que a melhor decisão seria manter o ministro
por enquanto.
A possibilidade de
exoneração, no entanto, continua forte. Mandetta bateu de frente com Bolsonaro principalmente
por causa da questão da quarentena ampla, que o ministro e as principais
autoridades de saúde do mundo defendem, entre elas a Organização Mundial da
Saúde (OMS), que lidera os esforços mundiais de combate à pandemia. Bolsonaro
prefere flexibilizar o isolamento social por acreditar que a adoção da
quarentena vai “quebrar” a economia do país e provocar caos social, o que pode
ferir de morte o seu governo.
O deputado federal Osmar
Terra, ex-ministro da Cidadania, a imunologista e oncologista Nise
Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina, e o
diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
Antônio Barra Torres, são apontados como favoritos a ocupar o cargo. Terra,
inclusive, já teria ligado para alguns governadores para anunciar a decisão do
presidente.
Terra, que foi ministro da Cidadania até fevereiro deste ano, tem
defendido nos últimos dias posição contrária à de Mandetta na questão do
isolamento social – alega que a medida não resolve e pode prejudicar a
economia, mesma tese defendida pelo presidente. Barra Torres também pensa como
Bolsonaro e chegou a acompanhá-lo no dia em que ele cumprimentou apoiadores em
frente ao Palácio da Alvorada durante as manifestações de 15 de março. Já
Yamaguchi é defensora do uso da cloroquina no tratamento do coronavírus –
Bolsonaro é um entusiasta da ideia.
A mais recente pesquisa Datafolha havia apontado que entre os
brasileiros que declararam ter votado em Jair Bolsonaro no segundo turno da
última corrida presidencial, 82% classificaram como ótimo ou bom o trabalho da
pasta comandada pelo médico e ex-deputado federal Mandetta (DEM).
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