Ícaro Félix, médico hematologista do Núcleo de Oncologia do Agreste (NOA), pontua sintomas, diagnóstico e tratamentos para a doença que atinge cerca de 257 mil pessoas no mundo
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ocorrem no mundo cerca de 257 mil casos novos de leucemia por ano, dos quais cerca de 56% em homens. No Brasil, a estimativa para este ano é de que sejam diagnosticados 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,67 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres. Diante dessa realidade, a campanha Fevereiro Laranja surge com o objetivo de compartilhar informações sobre o tratamento da doença, além de incentivar a doação de sangue e medula.
Doença que acomete os glóbulos brancos, as células de defesa do organismo, a leucemia forma grupos heterogêneos de males que envolvem a linhagem dos leucócitos e ocorrem mais especificamente devido a uma falha na maturação da forma jovem destas células ainda na medula óssea (a "fábrica" de células sanguíneas). As características das leucemias variam de acordo com cada subtipo, como explica o médico hematologista Ícaro Félix, do NOA (Núcleo de Oncologia do Agreste). “As leucemias se dividem em dois grandes grupos, as agudas e as crônicas, com sintomas, evolução e tratamentos bem distintos. Além dessa divisão, existem mais de 12 classificações de leucemia, que podem ser agrupadas baseando-se nos tipos de glóbulos brancos que elas afetam: os linfóides ou os mielóides”.
Sintomas – Nas leucemias agudas, os principais sintomas podem ser fraqueza, febre, perda de peso, além do surgimento de manchas roxas, espontaneamente, pelo corpo. Em alguns subtipos de leucemias agudas, podem surgir ainda nódulos nas regiões cervical, axilar e virilhas. Já as crônicas, podem ter características mais indolentes, com o paciente sendo desde assintomático, por anos, até também apresentar quadros de fraqueza, aumento de baço, assim como o surgimento de nódulos nas regiões cervical, axilar e virilhas.
Diagnóstico e Tratamento – Chega-se ao diagnóstico, geralmente, através de um exame chamado Mielograma. Frequentemente, porém, outros exames complementares são necessários para definir o subtipo de leucemia, entre eles: imunofenotipagem, citogenética e biologia molecular. Já o tratamento ocorre mediante quimioterapia e, em alguns casos, posterior transplante de medula óssea. "No tratamento com quimioterápicos, há uma infinidade de protocolos, que, a depender do subtipo de leucemia do paciente, podem ser desde comprimidos orais diários até o uso de medicações endovenosas de infusão prolongada", detalha o médico Ícaro Félix.
Transplante de Medula Óssea – O transplante é indicado em casos de leucemias agudas de risco intermediário a alto. "A compatibilidade de medulas é baixa pois há uma necessidade de doador e receptor apresentarem carga genética semelhante, algo raro quando ambos não são irmãos germânicos (filhos de mesmo pai e mesma mãe)", esclarece ainda o hematologista. Por isso, existe um banco mundial de medula óssea, que cruza informações genéticas de doadores e receptores, na busca da maior proximidade genética entre doador e receptor.
Transplante Autólogo e Alogênico – O transplante autólogo (quando as próprias células-tronco do paciente são retiradas antes da quimioterapia ou radioterapia de alta dose e armazenadas para serem infundidas no paciente após a quimioterapia ou a radiação estar finalizada) é feito em Pernambuco, tanto na rede privada, quanto na rede pública (IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira). "O transplante alogênico (quando as células-tronco vêm de um doador) também já é feito em Pernambuco, na rede privada. O Hospital Português, no Recife, tem convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde) e também realiza o transplante alôgenico, mediante parceria com o Estado, para os pacientes dependentes do sistema público de saúde", finaliza Ícaro Félix.
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