Ato na sede do partido em Brasília lançou pré-campanha nesta sexta. Político já governou o Ceará, foi ministro da Fazenda e da Integração e tentará a presidência pela quarta vez.
Ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), em evento de lançamento da pré-campanha — Foto: PDT/Divulgação |
O PDT confirmou nesta sexta-feira (21) em Brasília a pré-candidatura do ex-governador do Ceará Ciro Gomes à Presidência da República.
O lançamento da pré-candidatura ocorreu em ato na
sede do PDT em Brasília, no encerramento da convenção nacional do partido.
Antes mesmo desse anúncio oficial, no entanto, Ciro já manifestava o desejo de
concorrer à presidência – e era tratado como pré-candidato pela legenda.
"Acabamos de aprovar a pré-candidatura de Ciro
Gomes, por unanimidade, por aclamação", anunciou o presidente nacional do
PDT e ex-ministro Carlos Lupi. O lema da campanha, divulgado nesta sexta, será
"a rebeldia da esperança".
Entre os presentes no ato de lançamento da
pré-candidatura de Ciro Gomes, estavam Cid Gomes (PDT-CE), senador; André
Figueiredo (PDT-CE), deputado; Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza (CE).
O evento também foi marcado por homenagens ao
ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola, fundador do PDT, que morreu
em 2004. Se vivo, Brizola completaria 100 anos neste sábado (22).
Outros partidos também já lançaram oficialmente
pré-candidatos ao Palácio do Planalto:
Cidadania – Alessandro Vieira, atual senador por Sergipe;
Avante – Andre Janones, atual deputado por Minas Gerais;
Novo – Felipe d'Ávila, cientista político;
PSDB – João Doria, atual governador de São Paulo;
UP – Leonardo Péricles, presidente do
partido.
MDB – Simone
Tebet, atual senadora pelo Mato Grosso do Sul.
Não foram anunciados oficialmente ainda, mas estão
cotados para participar das eleições para Presidência da República:
Jair Bolsonaro (PL);
Luiz Inácio Lula da Silva (PT);
Rodrigo Pacheco (PSD);
Sergio
Moro (Podemos).
Discurso
Após ser confirmado como pré-candidato do PDT à
Presidência, Ciro fez um discurso de cerca de uma hora, no qual apresentou
propostas e teceu críticas a adversários, principalmente a Lula, Jair Bolsonaro
e Sergio Moro.
Ciro disse que os inimigos que precisam ser combatidos no Brasil são a
pobreza, a violência, a fome, a desigualdade, o desemprego, o baixo salário, a
péssima educação, a corrupção, o racismo, a opressão das pessoas e do meio
ambiente.
No campo das propostas, o pré-candidato afirmou que vai promover uma
revisão da reforma trabalhista implementada no governo Michel Temer e que acabará com
o teto de gastos, que fixa limite para as despesas públicas.
"O teto de gastos de Temer deixa de fora a principal e mais
extorsiva despesa: os juros. O teto de gastos é a maior fraude já cometida
contra o povo. Só controla os investimentos que beneficiam o povo [...] Prometo
acabar com o teto de gastos", declarou o pedetista.
O ex-ministro da Fazenda disse ainda que vai "mudar a criminosa
política de preços" da Petrobras.
"Podem tremer de medo os tubarões que se apossaram da Petrobras.
Vibrem de alegria os milhões de brasileiros que pagarão menos no combustível. E
vamos dizer de novo: o petróleo é nosso", disse o pré-candidato.
Ciro reciclou algumas propostas que apresentou em 2018, como a promessa
de taxação de grandes fortunas e de cobrança de impostos sobre lucros e
dividendos. O pré-candidato também defendeu uma mudança no sistema tributária,
com a redução de impostos para os mais pobres.
O ex-ministro da Fazenda também voltou a falar no programa, que
apresentou em 2018, o qual tem o objetivo de limpar o nome de cerca de 60
milhões de pessoas endividadas.
O pré-candidato disse que, se eleito, criará um programa financiamento
de smartphones em até 36 vezes sem juros e com wi-fi gratuito em escolas.
Também prometeu gás de cozinha pela metade do preço para os mais necessitados.
E citou como principal proposta a implementação de escolas em tempo integral.
Sobre reforma política, Ciro diz que se compromete com o fim da
reeleição e que, após o fim de seu eventual mandato, "voltará para o
povo".
Carreira
política
Se a candidatura de Ciro Gomes for confirmada, a
eleição presidencial de 2018 será a quarta tentativa do político de chegar ao
Palácio do Planalto.
Ciro concorreu nas eleições de 1998, 2002 e 2018, mas nunca chegou ao
segundo turno. Na última eleição presidencial, recebeu 13,3 milhões de votos
(12,47%) e ficou em terceiro lugar.
Atual vice-presidente do PDT, Ciro Gomes foi ministro da Fazenda entre
setembro de 1994 e janeiro de 1995, período final do governo Itamar Franco e
início do governo Fernando Henrique Cardoso.
Advogado, Ciro também foi ministro da Integração Nacional, entre
janeiro de 2003 e março de 2006, no primeiro mandato de Lula.
Ex-governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes já foi
deputado federal e está no sétimo partido desde que entrou para a política
(também foi filiado a PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB e PROS).
Operação da PF
No fim do ano passado, Ciro e o irmão, o senador Cid
Gomes (PDT-CE), foram alvos de uma operação da
Polícia Federal sobre suposto desvio de verbas das obras do
Castelão.
Ciro Gomes negou irregularidades e acusou o presidente Bolsonaro
de estar por trás da ação com o objetivo de intimidá-lo.
A PF apura se a empresa Galvão Engenharia pagou propina para vencer a
licitação para reforma, ampliação e manutenção da Arena Castelão, entre os anos
de 2010 e 2013, quando Cid Gomes era governador do Ceará. Segundo a Polícia
Federal, esses pagamentos teriam chegado a cerca de R$ 11 milhões.
O juiz que
autorizou a operação cita trechos da delação premiada de um dos ex-executivos
da Galvão Engenharia. O delator Jorge Valença afirmou que “era solicitada
doação para campanha em contrapartida à liberação de valores que a empresa
tinha para receber; que Lúcio Gomes processava as demandas e negociava o
destino dos valores a serem pagos; que Lúcio orientou a falar com o irmão mais
velho, Ciro, e que após cada uma das conversas com Ciro, os valores eram
destravados”.
Polêmicas
Ciro Gomes acumula algumas polêmicas em sua trajetória
política. Em 2002, por exemplo, quando concorreu à Presidência, disse que a
então esposa, a atriz Patrícia Pillar, tinha um dos papéis mais
"importantes", que era "dormir" com ele.
Depois do episódio, Ciro pediu desculpas publicamente. "Peço
desculpas, não pela brincadeira que estávamos a fazer, mas que ela esteja vendo
de perto o que é a imundície da política", afirmou o político à época.
Em outra ocasião, Ciro afirmou que, se o ex-juiz Sergio Moro tentasse
prendê-lo, receberia a "turma" dele "na bala".
Ele também é conhecido pelos ataques que faz a políticos adversários. O
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ) – que
chegou a ser preso pela Lava Jato – por exemplo, foi chamado por Ciro de
"maior vagabundo de todos". Ciro também apelidou o ex-presidente Michel Temer de "capitão
do golpe", ao se referir ao impeachment de Dilma Rousseff.
Em 2018, foi duramente criticado por legendas de centro-esquerda e de
esquerda quando, após o primeiro turno das eleições presidenciais, viajou para
a França em vez de fazer campanha contra Jair Bolsonaro no segundo turno.
Naquele pleito, o PDT declarou "apoio crítico" a Fernando Haddad
(PT), que foi derrotado por Bolsonaro.
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