Cerimônia será aberta das 10h às 14h; ela morreu de causas naturais, em casa. Uma das maiores cantoras do Brasil, lançou 34 discos com mistura de samba, jazz, eletrônica, hip hop e funk.
Divina maravilhosa (Foto: Daryan Dornelles) |
O corpo de Elza Soares, que morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (20), será velado no Theatro Municipal do Rio, no Centro da Cidade, na sexta-feira (21). A cerimônia será fechada para familiares e amigos, das 8h às 10h, e aberta ao público das 10h às 14h.
Em seguida, um carro do
Corpo de Bombeiros fará o translado pela Av Atlântica –
onde ela morou por muitos anos – até o cemitério Jardim da Saudade Sulacap,
onde haverá velório na Capela VIP às 15h (restrito aos familiares e amigos) e
sepultamento, às 16h, no setor do Cristo Redentor, em homenagem à cantora.
A informação da morte foi dada pela assessoria de imprensa da
cantora: "É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da
cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua
casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais", disse o comunicado.
Do sambalanço à eletrônica
Elza Gomes da Conceição é considerada uma das maiores cantoras da música brasileira, com carreira
no samba que começou no final dos anos 50. O início veio como parte da cena do
sambalanço com "Se Acaso Você Chegasse", em 1959.
Nos 34 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz,
da música eletrônica, do hip hop, do funk e dizia que a mistura era proposital.
O último disco lançado foi "Planeta Fome", em 2019.
A expressão era uma alusão ao episódio em que foi
constrangida por Ary Barroso no programa de calouros que participou nos anos
50. "De que planeta você vem, menina?", ele disse. E ela respondeu:
"Do mesmo planeta que você, seu Ary. Eu venho do Planeta Fome."
"Eu
sempre quis fazer coisa diferente, não suporto rótulo, não sou
refrigerante", comparava Elza. "Eu acompanho o tempo, eu não estou
quadrada, não tem essa de ficar paradinha aqui não. O negócio é caminhar. Eu
caminho sempre junto com o tempo."
Desde que lançou o álbum "A mulher do fim do mundo", em 2015,
a cantora viveu mais uma fase de renascimento artístico. “Me deixem
cantar até o fim”, pediu Elza em verso da música que batiza o álbum.
Começo no samba
Mais voltada para o samba, a primeira fase da cantora
tem discos gravados nos anos 60 com o cantor Miltinho (1928–2014) e o baterista
Wilson das Neves (1936–2017).
Fazem parte desta era lançamentos como "O samba é Elza Soares" (1961),
"Sambossa" (1963), "Na roda do samba" (1964) e "Um
show de Elza" (1965).
Outras fases vieram. Nos anos 70, escolheu cantar o samba de
ritmo mais tradicional. A fase rendeu sucessos como "Salve a
Mocidade" (Luiz Reis, 1974), "Bom dia, Portela" (David Correa e
Bebeto Di São João, 1974), "Pranto livre" (Dida e Everaldo da Viola,
1974) e "Malandro" (Jorge Aragão e Jotabê, 1976).
A cantora amargou período de ostracismo na década de 1980.
Pensou até em desistir da carreira, mas resolveu procurar Caetano Veloso, em
hotel de São Paulo, para pedir ajuda.
O auxílio
veio na forma de convite para participar da gravação do samba-rap
"Língua", faixa do álbum do cantor, "Velô" (1984).
Essa participação mostrou a bossa negra de Elza
Soares a uma nova geração e abriu caminho para que a cantora
lançasse, em 1985, um álbum menos voltado para o samba. "Somos todos
iguais" tinha música de Cazuza (1958–1990).
Em 2002, com direção artística de José Miguel Wisnik, fez um dos álbuns
mais modernos da discografia, "Do cóccix até o pescoço". No ano
seguinte, foi a vez de "Vivo feliz", mais voltado para a eletrônica.
Elza seguia
fazendo shows até antes da pandemia da Covid-19 e cantou em lives. Ela estava
produzindo um novo álbum de estúdio que pode ter lançamento póstumo.
Nesta semana, ela também se apresentou em shows no Theatro Municipal de
São Paulo que foram gravados para o lançamento de um DVD.
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