Ele afirmou ainda que teve febre de 38 graus, mal-estar e dor no corpo. Presidente vai trabalhar nos próximos dias no Palácio da Alvorada, por videoconferência.
O presidente Jair Bolsonaro informou nesta terça-feira
(7) que seu exame para detectar se está com Covid-19, a doença causada pelo
novo coronavírus, deu positivo.
O presidente afirmou que chegou a ter febre de 38 graus, mas
que, à noite, a temperatura começou a ceder. Relatou também que sentiu
mal-estar e cansaço. Ele disse que agora está se sentindo "perfeitamente
bem".
De acordo com Bolsonaro, ele tomou hidroxicloroquina, remédio
que vem defendendo como tratamento para a Covid-19. Não há comprovação científica da
eficácia da hidroxicloroquina para a doença.
"Estou bem, estou
normal. Em comparação a ontem [segunda], estou muito bem. Estou até com vontade
de fazer uma caminhada, mas não vou fazê-lo por recomendação médica, mas eu
estou muito bem", afirmou.
Bolsonaro já havia
informado a apoiadores na segunda-feira (6) que estava com
febre e dores no corpo e, por isso, decidiu fazer o exame. Ele também disse que
fez uma radiografia e que o pulmão "estava limpo".
O presidente tem 65 anos e faz parte da faixa etária considerada
por especialistas como grupo de risco.
Ele informou que nos próximos dias vai despachar por
videoconferência na residência oficial do Palácio da Alvorada e que talvez
receba auxiliares para assinar documentos. Bolsonaro cancelou viagens que faria
à Bahia e a Minas Gerais.
O presidente deu o resultado do exame em uma entrevista no
Palácio da Alvorada. Ao final da entrevista, ele se afastou alguns passos dos
repórteres e tirou a máscara. Mostrou o rosto, disse estar "bem" e
pediu cuidado aos mais idosos.
"Vamos tomar cuidado, em especial com o mais idosos e que
têm comorbidade, os mais jovens tomem cuidado, mas se forem acometidos do
vírus, fiquem tranquilos que para vocês a possibilidade de algo mais grave é
próximo de zero", declarou.
O presidente também informou que a primeira-dama Michelle
Bolsonaro realizou nesta terça-feira um exame para saber se tem o novo
coronavírus. Ele não citou o resultado do teste.
Medidas de prevenção
Desde o início da pandemia no país, no fim de fevereiro, Bolsonaro vem
descumprindo orientações de autoridades de saúde sobre medidas de prevenção do
contágio.
Ele sempre foi contrário ao fechamento do comércio e ao isolamento
social, ações tomadas pelos governos estaduais para diminuir o ritmo dos
contágios. De acordo com especialistas, o isolamento é a forma mais eficaz de
evitar o alastramento do vírus.
Nos últimos quatro meses, Bolsonaro provocou aglomerações ao visitar o comércio de
rua em Brasília e em visitas a cidades do entorno do Distrito Federal. Ele
também participou de manifestações a favor do governo. Em diversas dessas
ocasiões ele não usou máscara, posou para fotos, tocou nas pessoas.
Encontros recentes
No sábado (4), o presidente, ministros e um dos filhos, o deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), participaram de almoço promovido pela
embaixada dos Estados Unidos no Brasil em comemoração à independência
norte-americana.
Na ocasião, os participantes posaram para fotos sem máscaras. Em uma das
imagens, Bolsonaro aparece abraçado ao ministro das Relações Exteriores,
Ernesto Araújo.
A embaixada norte-americana informou que o embaixador Todd Chapman não
apresenta sintomas e "fará os testes".
Também no sábado, o presidente viajou para Santa Catarina, onde
sobrevoou áreas atingidas por um ciclone na semana passada. Conforme fotos
divulgadas pelo Palácio do Planalto, o presidente, usando máscara, apertou a
mão de uma mulher, caminhou ao lado de políticos e fez foto ao lado de
funcionários do aeroporto.
Na segunda, Bolsonaro teve uma série de reuniões ao longo do dia com
ministros, entre os quais, Paulo Guedes (Economia), José Levi (AGU), Braga
Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Luiz Eduardo Ramos
(Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (GSI). Heleno já teve Covid-19 e se
recuperou.
'Gripezinha'
"Em 24 de março, em pronunciamento em rede nacional de rádio e
televisão, Bolsonaro chamou a covid-19, doença provocada pelo coronavírus, de
"gripezinha".
Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília
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