No Brasil, 13 milhões de pessoas sofrem com o mal ao menos 15 vezes ao
mês, o que caracteriza cefaleia crônica
Existem
mais de 150 tipos de dores de cabeça. Dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia
atestam que 95% das pessoas têm dor de cabeça ao menos uma vez na vida. Sendo
que as mais acometidas são as mulheres: 70% delas têm pelo menos uma vez ao
mês. Os homens são 50%. Os dados também revelam que, no Brasil, 13 milhões de
pessoas sofrem com o mal ao menos 15 vezes ao mês, o que caracteriza cefaleia
crônica.
É por isso
que, apesar do Dia Nacional de Combate à Cefaleia ser celebrado em 19 de maio,
o mês de maio é todo dedicado à conscientização sobre a doença. No “Maio Bordô”
da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a campanha é intensificada para que as
pessoas entendam melhor o tema e que o fato das dores de cabeça serem comuns e
rotineiras não as tornam normais.
As dores
de cabeça, de uma maneira geral, além de terem uma alta prevalência, acometem a
população de forma indiscriminada e têm um potencial de incapacitação
relevante. “Sentir dor pode ser comum, mas em hipótese alguma pode ser
considerado normal. E quando essa dor se torna frequente ao ponto de
incapacitar o indivíduo para as atividades laborais, familiares e sociais, é
preciso um adequado tratamento”, alerta o neurologista Paulo Henrique Fonseca.
A cefaleia
mais frequente de todas é a chamada cefaleia tensional; a segunda é a
enxaqueca. Essa, no entanto, não é desencadeada de modo igual em todas as
pessoas, ou seja, não existe um padrão. Existe a chamada episódica - que o
paciente tem dor uma vez ou outra, e a crônica - que tem um comportamento
diferente, quase sempre associado a fatores emocionais, alteração de humor,
ansiedade, estresse, depressão, distúrbios do sono, entre outros.
O
tratamento das cefaleias envolve desde questões medicamentosas à mudança no
estilo de vida, a exemplo da inclusão de atividades físicas na rotina. “É
importante haver um engajamento físico, emocional e comportamental em todo o
processo terapêutico. Não existe o exercício físico ideal para a enxaqueca, o
que existe é a recomendação formal para qualquer paciente que tenha dor crônica
rompa com o sedentarismo e realize algum tipo de atividade física de que goste,
que sinta prazer em fazê-la”, explica o especialista. Os principais fatores
quem indicam a necessidade de um tratamento adequado para a dor de cabeça são:
frequência das crises de dor, sua intensidade e o impacto por elas causado na
qualidade de vida do paciente.
Para o
correto diagnóstico e subsequente tratamento adequado é preciso pontuar a um
especialista aspectos que vão permitir o preenchimento de critérios para cada
uma das 150 dores de cabeça existentes. O abuso de analgésico (definido pelo
uso de analgésicos comuns por duas ou mais vezes em uma semana) pode tornar a
dor crônica e de difícil controle, dificultando o diagnóstico e tratamento e,
muitas vezes, levando o paciente a desenvolver abstinência: no dia em que não
toma o analgésico, sente dor. “A dor de cabeça é sobretudo uma experiência.
Está associada a múltiplos fatores e cada paciente a vivencia de uma forma”,
pontua o neurologista.
No entanto, vale estar atento aos mitos em torno da doença. Um frequente
é de que os distúrbios de refração – a necessidade do uso dos óculos – ou a
sinusite estão associados às dores de cabeça. “Nós temos bem documentado na
literatura [médica] que em uma minoria dos casos estes fatores são causa de dor
de cabeça”, esclarece o médico. Ele também descarta a ideia de que dores
crônicas podem indicar diagnósticos graves e evidencia que nem todos os casos
de cefaleia requerem tratamento farmacológico. Muitas vezes, basta a alteração
de outros fatores que as geram. “As cefaleias secundárias a outras doenças, a
exemplo de sinusite, tumor, aneurisma e meningite são bem menos frequentes do
que as primárias, cuja dor é a própria doença”, finaliza Fonseca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário