Os
arbovírus podem causar quadros de meningite, encefalite, mielite, problemas nos
nervos periféricos e nos músculos entre outros
Ainda longe de acabar, o verão 2019
só dará adeus aos amantes da temporada no dia 20 de março. Mas o que para
alguns é motivo de festa, descanso e descontração, para a maioria oferece
preocupação. É que a estação mais quente do ano traz, além das altas temperaturas,
a proliferação do Aedes Aegypti, mosquito que carrega o status de vilão, por
ser o responsável pela transmissão das arboviroses (Dengue, Zika, Chikungunya e
Febre Amarela).
O aumento do calor associado à
incidência de chuvas e ao armazenamento inadequado da água sem a devida
proteção cria o cenário perfeito para o mosquito que tem hábitos oportunistas
de se reproduzir com mais velocidade. Segundo estudos da Fundação Osvaldo Cruz
(Fiocruz), uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante sua vida. Outra
informação pertinente é a de que os ovos podem resistir a 450 dias após sua
postura no meio ambiente; em condições ambientais propícias, após a eclosão,
são necessários apenas 10 dias para o desenvolvimento da larva até a forma
adulta.
Todo este cenário é vivenciado ano
após ano em diversos locais do Brasil, em especial no Nordeste, região mais
afetada pelas arboviroses no último surto registrado. Só em Pernambuco, em
2015, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram confirmados
272 casos de microcefalia, problema neurológico no qual a criança possui a
massa cefálica e o crânio reduzidos, causado pelo Zika Vírus.
Tendo em vista todos os agravamentos
possíveis que podem ser provocados pelas arboviroses, conter o surgimento do vetor
e promover a conscientização da população são sempre as melhores saídas para
evitar tais complicações e novos surtos. Essas enfermidades, além de
incapacitantes, trazem consigo o risco de ocasionar complicações neurológicas
no paciente desde o início, com manifestações imprevisíveis e muitas vezes
irreversíveis.
O neurologista Paulo Henrique Fonseca
alerta para os principais sintomas de cada uma das arboviroses e pondera a
importância do diagnóstico correto para o tratamento devido, a fim de minimizar
as sequelas. “Embora o vírus da Zika se manifeste de maneira mais branda, um
sintoma marcante que a difere das demais são as manchas associadas à coceira,
que podem causar inclusive dificuldade para dormir, tendo em vista a
intensidade do pruído. Já a Chikungunya tem como principal manifestação as
dores nas articulações, principalmente nas palmas dos pés e mãos, dedos,
tornozelos e pulsos. A Dengue clássica por sua vez, traz como principal
manifestação a febre alta acompanhada de intensas dores de cabeça e nos olhos,
fadiga, dor muscular e óssea”, explica.
A cefaleia, a meningite viral, a
encefalite (inchaço e inflamação do cérebro), a mielite (inflamação da medula
espinhal), e a miosite (inflamação de todo o eixo do sistema nervoso, do
cérebro, da medula, dos nervos e dos músculos) são algumas das complicações
neurológicas que podem se apresentar em quadros de arboviroses. Tais quadros
podem levar a sequelas irreversíveis, como o estado vegetativo, não voltar a
andar, a enxergar, inclusive casos de óbito.
Daí a importância do correto
diagnóstico, pois a partir dele o tratamento adequado é realizado de forma mais
rápida e com mais possibilidades de efeitos positivos. Quando o paciente
desenvolve o quadro clínico habitual, faz-se tratamentos para o sintoma que
mais chama a atenção. Para cada complicação neurológica, existe um conjunto de
medidas a serem tomadas. “Em casos mais agravados envolvemos fisioterapia e
terapia multidisciplinar de reabilitação”, complementa o neurologista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário