SONORA BRASIL 2015
Apresentação
O Sonora Brasil é um projeto temático que tem como objetivo difundir
expressões musicais identificadas com o desenvolvimento histórico da música no
Brasil.
Em sua 18ª edição, apresenta os temas Sonoros ofícios — cantos
de trabalho e Violas brasileiras, que serão desenvolvidos
no biênio 2015-2016, com a participação de quatro grupos em cada tema.
Em 2015, o primeiro tema circula pelos estados das regiões Centro-Oeste,
Norte e Nordeste, enquanto o segundo segue pelos estados das regiões Sul e
Sudeste. Em 2016, na 19ª edição, inverte-se a ordem das apresentações para
que todos os grupos concluam o circuito nacional.
Sonoros ofícios — cantos de trabalho apresenta o canto como
expressão musical relacionada às atividades laborais, fato social presente na
cultura brasileira, tanto no ambiente rural quanto no urbano, com registros que
confirmam a sua existência já no século 18. Na maioria das vezes uma prática
coletiva, os cantos de trabalho podem cumprir funções diferenciadas, de acordo
com as características do trabalho ao qual estão relacionados e com os
determinantes culturais e sociais de cada região ou localidade. Normalmente
entende-se que o papel de aliviar o desgaste físico e aumentar a produtividade
é preponderante, mas também pode servir como modo de externar o lamento e a
crítica. Três grupos representam formas tradicionais relacionadas a trabalhos
rurais: Destaladeiras de Fumo de Arapiraca (AL); Cantadeiras do Sisal e
Aboiadores de Valente (BA) e Quebradeiras de Coco Babaçu (MA); e o Grupo
Ilumiara (MG), formado por músicos pesquisadores, apresenta repertório
recolhido em pesquisas sobre diversas vertentes do tema.
Violas brasileiras traça um panorama da viola de cinco ordens e
de variantes do instrumento que apresentam características peculiares e
regionalizadas, relacionadas a práticas musicais restritas a ambientes
geográficos pouco abrangentes.
A viola caipira/sertaneja, a que mais se projetou difundindo o
repertório das duplas de cantadores da região Sudeste e que aos poucos foi
sendo incorporada em outras formações ligadas a repertórios populares, é
apresentada por Paulo Freire (SP) e Levi Ramiro (SP); a viola na região Nordeste,
reconhecida como acompanhadora dos repentistas e como instrumento solista nos
ponteados modais com sonoridade nordestina inconfundível, e ainda a machete,
ligada aos sambas de roda da Bahia, são apresentadas por Ivanildo Vila Nova
(PE), Antônio Madureira (PE) e Cássio Nobre (BA); a viola em concerto,
apresentada por Fernando Deghi (PR) e Marcus Ferrer (RJ), vem ampliando sua
presença nos espaços destinados à música clássica desde a década de 1960 quando
começou a receber a atenção de compositores como Theodoro Nogueira (1913-2002)
e Guerra-Peixe (1914-1993); e as violas singulares com suas peculiaridades e
suas claras referências regionalizadas, como a viola de cocho em Mato Grosso, a
de buriti em Tocantins, e a do fandango, ligada à cultura caiçara paranaense e
do sul de São Paulo, são apresentadas por Sidnei Duarte (MT), Maurício Ribeiro
(TO) e Rodolfo Vidal (SP).
Cumprindo sua missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à
construção de uma obra de fundamentação artística não comercial, o Sonora
Brasil consolida-se como o maior projeto de circulação musical do país. O
projeto realiza aproximadamente 480 concertos por ano, passando por mais de 130
cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. A ação possibilita às
populações o contato com a qualidade e a diversidade da música brasileira e
contribui para o conjunto de ações desenvolvidas pelo Sesc visando à formação
de plateia. Para os músicos, propicia uma experiência ímpar, colocando-os em
condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos e, consequentemente,
estimulando suas carreiras.
O projeto Sonora Brasil busca despertar um olhar crítico sobre a
produção e sobre os mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas
práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações de
caráter essencialmente acústico, que valorizam a autenticidade sonora das obras
e de seus intérpretes.
Joseane Cavalcanti Supervisora de Cultura do Sesc Ler Buíque
Postado por San Produções & Eventos
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