Estados e municípios da Região Nordeste afetados pela seca deste ano
poderão decidir se prorrogam ou suspendem a vacinação contra a febre
aftosa – a depender das condições do gado. A segunda etapa de
intervenção em bovinos e búfalos começa no dia 1º de novembro, com
expectativa de imunizar 150 milhões de animais em todo o país. Com a
medida anunciada hoje (30) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa), esse número pode ser reduzido em até 16 milhões de
cabeças - gado estimado nos nove estados da região.
De acordo com o coordenador de Febre Aftosa do Mapa, Plínio Lopes, os
departamentos veterinários dessas cidades terão que iniciar a vacinação
normalmente e, ao longo do processo, se considerarem necessário, podem
prorrogar a aplicação das vacinas por 30 dias ou ainda suspender o
procedimento. No caso de suspensão, os municípios terão que apresentar
uma nova análise da situação até o dia 15 de janeiro para que o
ministério reavalie as condições locais.
“Onde
ocorrer prorrogação ou suspensão da vacinação, os bovinos que precisarem
ser transportados para outros estados terão que ser vacinados
previamente”, explicou Lopes. Clique no Leia mais...
Segundo ele, a vacina pode ser aplicada inclusive
no local de destino do animal.
Lopes garante que a medida não vai prejudicar as metas do governo de
alcançar áreas livres da aftosa. A expectativa mantida pelos órgãos
sanitários é que a Região Nordeste atinja esse status no ano que vem. A
última ocorrência de aftosa na região foi registrada há dez anos.
“Os índices vacinais da região estão dentro do satisfatório e desejado
[acima de 85% do gado vacinado] e estamos fazendo inquérito
epidemiológico a cada 15 dias”, complementou.
Técnicos do Mapa que estão na região colhendo sangue dos animais em
diversas propriedades asseguram que não há indicativos de vírus em
circulação.
O coordenador de aftosa do Mapa explicou ainda que a intenção é amenizar
os prejuízos contabilizados pelos produtores nordestinos. “O produtor
já está prejudicado com os efeitos da seca. Queremos amenizar esses
impactos e o risco de perder animais pelo manejo”, disse, destacando
que, durante o transporte ou a captura, o gado, enfraquecido pela falta
de alimentos e água, “pode cair e não levantar mais”.
Segundo o diretor de Saúde Animal do ministério, Guilherme Marques, o
manejo é o único risco nesses casos. Ele garante que os produtores que
decidirem vacinar os animais não precisam se preocupar com os efeitos da
imunização. “Temos testes feitos pelo ministério e por empresas. A
vacina não provoca mortalidade ou aborto. O que provoca é o manejo
[inadequado] do rebanho com fome e sede. O stress provocado nos
animais.”
De acordo com Marques, a flexibilização do calendário de vacinação
contra aftosa em casos extremos de chuva ou seca excessiva está prevista
na legislação brasileira. “Raríssimas vezes prorrogamos a campanha de
vacinação. Temos que procurar sempre vacinar o maior volume de animais
no país no menor espaço de tempo para combater a dispersão da doença
pela transmissão entre animais”, explicou.
Segundo ele, além de a região não fazer fronteira com países vizinhos, o
que minimiza o risco da doença, “avaliamos o serviço veterinário e eles
têm tanto condições quanto arcabouço para sustentar uma área livre da
(doença)”.www.valmirandrade.com
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