“O Mapa da Rima” e “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco”, das
pesquisadoras Eulina Fraca e Shirley Rodrigues, resgatam a história de
cordelistas e documenta a presença feminina no gênero literário
Patrimônio
Imaterial Cultural Brasileiro, o cordel agora ganha memória pelas mãos das
pesquisadoras e escritoras Eulina Fraga e Shirley Rodrigues. Elas assinam
os livros “O Mapa da Rima” e “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco”, que
serão lançados na próxima sexta-feira (06/09), às 19h, no Espaço Pasárgada, no
Centro do Recife.
A
linguagem poética popular, que tem a rima como uma de suas principais
características, sempre esteve presente na vida das autoras, que se conheceram
durante a graduação em 2005, quando decidiram desenvolver projetos com a
temática. “Nesse tempo de atividade, percebemos a ausência de memória em nossa
literatura que retratasse a trajetória do cordel, seus escritores pioneiros e
também a presença feminina nesse universo”, conta Shirley.
Assim,
nasceram as duas obras, que são editadas pela Coqueiros, única editora que
trabalha com esse gênero literário e têm arte desenvolvida pelo cordelista
Leandro de Barros. As narrativas, que trazem alguns versos e mesclam
harmonicamente conteúdo e poesia, já foram apresentadas na Europa e integram o
acervo de bibliotecas de Portugal, Espanha e França.
Durante um
ano e oito meses, elas realizaram pesquisas quantitativas e qualitativas,
imersões em acervos e aproximações e conversas com cordelistas em Pernambuco,
no Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Norte que permitiram costurar as
informações e criar um arranjo das narrativas. “É um trabalho pioneiro e
necessário porque documenta quem somos e reconhece os principais nomes que
deram origem a essa expressão”, comenta Eulina.
Em 84
páginas, “O Mapa da Rima” (R$ 20) resgata a história e as obras dos poetas
pernambucanos que escrevem, ou seja, de bancada, como Silvino Piruá, criador do
romance, e João Matias de Ataíde, um dos maiores tipógrafos brasileiros. No
entanto, o mapeamento se volta, em especial, a Leandro Gomes de Barros. Foi ele
quem identificou o potencial mercadológico do cordel e deu início à produção da
arte impressa no formato já familiar da cultura nordestina.
A
soberania masculina encontrada ainda no cordelismo é o mote do livro “O Cordel
de Escrita Feminina em Pernambuco” (R$15), concebido a partir da inquietação
das escritoras ao perceber a ausência das mulheres em encontros culturais. Na
obra, de 40 páginas, elas descortinam a autoria dos cordéis de Maria das Neves
Batista. Primeira cordelista brasileira, ela utilizava o nome de seu esposo –
Altino Alagoano – para assinar suas criações. Sua primeira produção foi
“Violino do diabo e o valor da honestidade”. Ao todo, são aproximadamente 13
mulheres que ganham o reconhecimento por suas obras e têm suas vidas
apresentadas aos leitores.
Escolas – Além da produção de livros, Eulina e Shirley desenvolvem
projetos na área educacional com o objetivo de expandir o conhecimento sobre o
cordel. A ideia é estimular e fortalecer um ecossistema que envolve editoras, centros
acadêmicos e escolas. Por isso, elas estão em desenvolvimento do projeto
“Cordel: novos tempos, novos leitores”. O objetivo é trabalhar a poesia e o
cordel em forma de oficinas, buscando ser um atrativo cultural e motivador da
leitura, como também difundir a cultura popular do cordel, em duas escolas no
Recife e em uma na cidade sertaneja de Custódia.
Serviço –
Lançamento dos livros “O Mapa da Rima” e “O Cordel de Escrita Feminina”
Data: sexta-feira (06/09)
Horário: 19h30
Local: Espaço Pasárgada (Rua da
União, 263. Boa Vista)
Entrada: gratuita